José Luiz

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MURO DE BERLIM

Tudo parece perfeito. De repente, a vida te prega uma surpresa. Vistas embaralhadas, tonturas inexplicáveis, perda de concentração, câimbras no meio da noite. Você deve mudar sua rotina, seus hábitos, seus maus costumes. De agora em diante, alimentação balanceada – e mais vezes ao dia – e atividade físicas regulares. Nada dos arroubos dos finais de semana regrados a carne, massas e refrigerante. É momento de resgate, de introspecção, de rever certos conceitos e costumes. Acredito que tudo tenha uma razão de ser, nada acontece em vão. Vai ser bom, pois é certo que finalmente terei de arranjar tempo para fazer coisas que nunca deveria ter deixado de praticar. O mundo vai te levando pelos caminhos da severidade, dos compromissos inadiáveis, da responsabilidade exacerbada e tudo vai ficando para depois. A cobrança pelo próprio descaso mais cedo ou mais tarde chega, vem a galope, e pode te pegar desprevenido. Na marra, é preciso encontrar tempo e espaço para as boas práticas.

Um dia ouvi de um amigo que, se não diminuísse o ritmo, meu próprio organismo se encarregaria disto. Isto faz bastante tempo, mas não deu outra. Tenho certeza de que não serei menos produtivo, pois sairei ganhando com saúde e vitalidade. É uma recompensa pelo esforço que terei de empreender em favor de mim mesmo.

Isso comprova que decididamente não existe nada estagnado na vida. As coisas nunca estão cristalizadas, nunca são definitivas. As pessoas que dizem que jamais abandonam seus pontos de vista, correm o risco de ficarem para trás, comendo a poeira provocada pelo jato das transformações. Ninguém é poste que não possa se movimentar pelo menos um pouquinho em direções variadas. Estou cada dia mais certo disto. Velhos dogmas e paradigmas merecem ser revistos ou reavaliados para que possamos oxigenar nossas mentes e trazer novos ventos para nossas relações. De vez em quando devemos deixar cair nosso muro de Berlim particular e aceitar as renovadoras perspectivas que surgem a todo tempo. É uma questão de sobrevivência em uma era de avassaladora mudança.

É isso aí!