José Luiz
6º Andar
Concluída a fase de investigação, com pai e madrasta sendo acusados pela autoria do crime, o país ainda chora pela crueldade do episódio Isabella. Um anjinho de cinco anos, com o mais puro dos sorrisos, é despejado pela janela do 6º andar de um edifício residencial. Como explicar tamanha insensatez? Como justificar tal insanidade? Quais as motivações? O que ocupava espaço no coração destas pessoas? Será possível um pai cometer um ato tão bárbaro na frente dos filhos menores? Diante das atrocidades vistas ultimamente não se pode descartar nenhuma hipótese, por mais absurda que possa parecer.
A comoção pública é surpreendente. Estarrecida, a sociedade brasileira clama por justiça. Não tem uma pessoa sequer nesse país que não conheça a fatídica história da pequena Isabella. Amontoam-se em frente à delegacia, às residências dos familiares, pregam faixas e cartazes. Gritam, cantam, esbravejam palavras de ordem. Resta saber se essas pessoas estão realmente imbuídas do sentimento de revolta ou simplesmente querem aproveitar as câmeras para obter alguns segundos de exposição e se sentirão frustradas ao final da balbúrdia. Isto daria outra coluna.
Agora, traçando um paralelo com nossas vidas, é inconcebível que joguemos quem a gente ama pelo 6º andar. Porém, assumimos certas atitudes contra essas mesmas pessoas que simbolicamente representa atirá-las, sem dó nem piedade, pelo vazio de abismos profundos. Por infinitas vezes suprimimos as pessoas que amamos, aos poucos, com traições, com palavras aviltantes, com desprezo, com abandono. É preciso segurar com firmeza no pulso das pessoas amadas para que não caiam. Jamais deveríamos ser agentes do derrotismo a contribuir com a ruína de quem amamos.
Que nunca saiamos do térreo de nossa saúde emocional para que, nos píncaros de nossa ira, de nosso descontrole psíquico, não encontremos razão para trucidar ninguém, nem lançá-los dos andares superiores da emoção, provocando dores e seqüelas eternas.
É isso aí!
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