CRÔNICA DO COTIDIANO DE UM PROFESSOR - "OS ATORES DO MAESTRO JOSINO"
O ano era 2001. Eu, recém-empossado no meu primeiro cargo, ainda com o coração aos pulos diante da grandeza da função, após uma década atuando como docente designado, ali na cidade de Frutal, na tradicional Escola Estadual Maestro Josino de Oliveira. O ar era de final de ciclo, daquela fadiga gostosa que precede as férias. Foi então que um grupo de professores, movido por um espírito brincalhão, resolveu montar uma esquete para a confraternização de fim de ano.
A ideia era uma paródia de um programa recém-chegado à TV, que todos comentavam. Criamos o Big Brother Estadual, uma sátira carinhosa onde fazíamos caricaturas engraçadas e jocosas dos profissionais que coloriam a escola naquele tempo. Tudo era feito de forma singela e respeitosa, longe de qualquer afronta, com a pura intenção de levar alegria e descontrair corações.
E lá estávamos nós, no palco do pátio da escola: eu, Clóvis, Paulão, Carlinhos e um convidado de luxo, o cantor Regis – um performático nato que, em seus momentos de glória, imitava com perfeição grandes divas da música internacional. Eu fazia o papel do apresentador do programa à época. Lá atrás, o diretor Waltão, com seu sorriso largo, "dava corda" para a nossa loucura, nos incentivando a soltar a voz e a criatividade. Ele sabia que aquele era um remédio raro contra o cansaço.
Foi uma noite especial, daquelas que se gravam na memória afetiva de uma comunidade. Trouxe leveza a uma classe muitas vezes assoberbada pelas tarefas cotidianas e pelo peso solene das responsabilidades. Foi mais do que uma brincadeira; foi um ato de resistência pela alegria, um suspiro coletivo em forma de riso.
Essa lembrança me veio à tona recentemente, ao receber uma fotografia daquele dia marcante, enviada por uma querida amiga, hoje diretora da escola. O registro congela o instante preciso em que eu entrava triunfal no palco, invadido pela persona do apresentador do fictício programa de TV. O rosto efervescente de um entusiasmo que só a entrega genuína consegue produzir.
Oh, coisa boa é deixar a mente viajar pela saudade bonita de um tempo já vivido. Mais do que boa, é necessário. É esse afeto que nos reabastece e nos lembra do porquê de cada lida diária e como vale a pena esta jornada de professor.


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