O ESPORTE QUE NOS UNE E O VÔLEI NOSSO DE TODO SÁBADO (CRÔNICA)

14:27 Professor José Luiz 0 Comments


Há algo de mágico no esporte que vai além do placar, dos títulos, da disputa acirrada. Ele começa como um desafio físico, um teste de limites, mas, com o tempo, se transforma em algo mais profundo: um ritual de amizade, um espaço onde as diferenças se dissolvem e o que resta é o puro prazer de estar ali, suando, rindo, vivendo. 

Sempre me atraiu a disputa, o desafio e a entrega pelos bons resultados. Ao longo da vida, pratiquei basquete, handebol, vôlei, futsal, pingue-pongue e até tênis. Cada um com sua magia, seu ritmo, sua lição. 

Lembro-me dos tempos em que a competitividade falava mais alto. O futsal era minha arena; a meta do goleiro, minha trincheira. Havia glórias, troféus modestos, aplausos da comunidade. Mas o tempo, esse juiz implacável, vai nos mostrando que nem tudo precisa ser uma batalha. E foi assim que, deixando para trás as luvas e os pênaltis dramáticos – até mesmo por conta do peso dos anos –, encontrei no vôlei de sábado uma nova forma de felicidade. 

Como levantador, adorava jogadas inusitadas, aquelas que enganavam o time adversário, deixando-os atônitos. A grande maioria dos que jogavam comigo eram alunos ou ex-alunos, o que aumentava ainda mais meu contentamento. Estava entre os meus. 

Não era a Superliga, claro. Era algo melhor. 

Era um encontro de almas dispostas a jogar, suar e, acima de tudo, rir. Heteros, gays, trans – todos sob a mesma rede, sem preconceitos, sem olhares tortos. Policiais, professores, trabalhadores rurais, fazendeiros, servidores públicos, gente de toda cor, de todo biotipo físico, ali tinham encontro marcado com a alegria e o bem-estar. A única regra rígida? Respeito. Nada de jogar descalço, nada de ficar sem camisa, nada de palavrões ou ofensas. A não ser, é claro, os nossos códigos secretos: “fruta que partiu”, “tomate cru”, “baralho”… E a tal da “zorra”, que sempre rendia gargalhadas. Valia mais o suor e as boas risadas. 

Depois da quadra, a festa, algumas vezes, continuava na minha casa. Refrigerantes pagos pelo time perdedor, histórias exageradas de jogadas impossíveis. Não importava quem tinha vencido. Importava que estávamos juntos. 

Hoje, o ombro reclama, a idade cobra seu preço. Mas o espírito ainda pulsa. Adaptei-me com as caminhadas, o pingue-pongue. Porque o que fica não são apenas os gols defendidos ou os levantamentos perfeitos, mas a memória afetiva de cada sorriso, cada abraço, cada momento em que o esporte foi, antes de tudo, uma celebração da vida. 

E no fim das contas, é isso que interessa. Não faz a menor diferença quantos pontos marcamos, mas sim quantas alegrias dividimos. As risadas ainda ecoam até hoje e me trazem saudade bonita. É o que faz tudo valer a pena.

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