CANÇÕES, ESCOLA, EDUCAÇÃO

11:24 José Luiz 0 Comments


“Ah, mas esses meninos não vão gostar dessas músicas. Precisamos colocar algo que os agrade.” Eu creio severamente que escola deve ser um filtro da sociedade, ambiente propulsor do bom saber, das conquistas humanas, dos avanços da humanidade ao longo da história. Escola deve ser propagadora de preceitos norteadores que colaborem na formação de seres mais éticos, humanos e capazes. Você não pode amar ou odiar aquilo que desconhece. Portanto, como espaço de promoção da dignidade humana, temos o dever de apresentar o que esteticamente, moralmente, venha produzir efeitos positivos na mente das pessoas, possibiltando avanços no aspecto cognitivo, na expansão da inteligência, na capacidade de reflexão e exercício do pensamento, na justa orientação para a vida. Assim, em minhas aulas, levo aos meus alunos e alunas o outro lado da história, uma versão muitas vezes desconhecida, aquilo que não toca nas rádios ou nos múltiplos espaços de convivência social. E quando os apresento Chico César, Ney Matogrosso, Vander Lee, Caetano Veloso, Marisa Monte e tantos outros, eles se encantam e cantam junto. Fazemos paródias, declamamos e confeccionamos poemas, crônicas e outras modalidades literárias. Carlos Drummond, Vinícius, Clarice, Conceição, Gullar, são nossas companhias corriqueiras.

Confesso que me arrepia quando chego em um evento escolar e ouço algumas canções executadas na playlist escolhida. Devemos ter o apuro, o cuidado, sobre o que proporcionamos aos nossos estudantes de mente tão jovial e afeita a toda sorte de influências. Sem querer bancar um moralismo banal, nem uma academicismo arrogante, precisamos desenvolver a cautela, com zelo, para que não provoquemos a erotização precoce, a objetificação do corpo feminino, nem incentivemos mensagens de violência e outros pormenores que, subliminarmente, vão sendo impressos no intelecto de crianças e jovens tão ávidos pelo novo, pela descoberta.

Não quero me indispor com colegas que pensam o contrário, ou discordem de meu ponto de vista. Eu também os respeito e me permito emitir essa opinião singela de quem, algumas vezes, enxerga a vida e a educação de um viés um pouco romântico demais (como enfatizam alguns). Eu creio da força do afeto nas lições diárias, no poder transformador da educação, na capacidade da pessoa se projetar pela força do bem. Sigo acreditando nessa força imensurável chamada educação, pois tenho fé na vida e no homem e sigo firme com o pincel atômico ou o giz na mão crendo cada dia mais.

É isso ái!


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