TEMPOS DIFÍCEIS
Sou professor, sinto na pele esta realidade enfrentada por
tantos de nós. Tempos diferentes, tempos difíceis. O novo assusta, muitas vezes
causa pavor, inquietação, medos, inseguranças. É momento de dar as mãos e os
corações – todos se amparando, sem pressões desmedidas e sobrecargas. Cada um
no seu canto vai fazendo sua parte e superando os desafios. O que não podemos é
nos deixar prender pelo negativismo por conta do medo do inusitado, medo de não
conseguir alcançar as expectativas, de não corresponder à altura aquilo que
esperam de seu trabalho. Pior se fizermos como alguns que torcem para dar
errado para dizer lá na frente que sempre tiveram razão. Outro dia alguém disse
que 2020 é um ano perdido. Perdido estamos se não aproveitarmos as
oportunidades de aprender com as dificuldades, com os tombos, com nossas
quedas.
Aprendi em criança, como cristão, que devemos “em tudo dar graças”.
Tudo pressupõe tudo mesmo. Nada fica de fora, até mesmo nossas lágrimas, nossos
desesperos, nossas tragédias íntimas. Se perdeu alguém muito querido, dê graças
pela vida daquele que se foi, pelo privilégio que teve ao conviver com pessoa
tão amada.
2020 está sendo um ano de muitas aprendizagens, de um
enfrentamento único na história. Daqui 100 anos estarão falando sobre estes
tempos vividos hoje. Retiremos desta lacuna temporal as lições que tem nos
permitido viver. Não podemos fechar os olhos, os corações e as mentes para tudo
isso. Por isso, a importância de ser menos negativo e mais humano; menos tóxico
e mais empático; menos ácido e mais compassivo.
Aos poucos, as coisas vão se ajeitar. Quando se coloca toda
a carga dentro da carroça, faz barulho, incomoda. No andar da carroça, esta
carga vai se ajeitando, se acomodando e chega ao seu destino. O destino da
carroça é chegar ao fim da travessia. É hora de sair de nossa zona de conforto,
de nos reinventar, aprender um pouco mais, descobrir talentos e potencialidades
em nós que sequer imaginávamos que teríamos.
O mundo não será o mesmo, a vida não será a mesma, não
existirá esta coisa do “normal”, “tudo normal”, pois nada será como antes.
Precisamos nos adaptar a uma nova realidade, formada de hábitos novos, costumes
novos de higiene, de cuidados uns com os outros, será um tempo de mais afeto e
menos abraços, de mais empatia e menos contatos físicos, de menos toques.
Para nós, parece que só estivemos com alguém se tiver um
abraço, um aperto de mão, um beijo talvez... Isso terá de ser repensado. Mas,
certamente, aqueles que estiverem abertos a crescer e aprender, sairão mais
fortes, mais preparados, percebendo que juntos podemos ir mais longe, talvez
não tão rápido. Abramo-nos ao novo, aprimoremos a capacidade de adaptação, saindo
na frente, sendo mais assertivo nas atuações e nos enredos. Aprendamos a viver
com menos pressa, menos afogadilho, mais amor, com mais poder de decisão e ainda
mais atenção uns com os outros. Descobrimos, a duras penas, que ao cuidar de
nós, cuidamos dos outros. E assim, vamos seguindo juntos na TRAVESSIA.
É isso aí!
1 comentários:
Vamos vencer, tempos difíceis existem para testar nossa fé. Belíssima reflexão Prof.José Luiz.
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