AMOR EM FORMA DE PROFESSORA
Minha professorinha encantada, assim prefiro chamá-la, aquela
que nos recebia diariamente com um sorriso, um abraço e um beijo, marcou minha
infância e deixou muita saudade. Mudou-se para longe e nunca mais a vi. Os anos
vão chegando, você vai construindo história, tendo filhos e sonhos que vão por
aí. Cabelos já prateados, mas atuando na sala de aula com o frescor dos tempos
de iniciante, cumpro hoje milhões de tarefas. Escrevo minhas crônicas e
poesias, tenho meus quadros no rádio, colaboro com a gestão educacional nos
municípios da região, ministro minhas palestras e ensino aprendendo muito com
meus alunos futuros professores.
Em uma sexta destas, o telefone toca em plena aula de uma
turma animada de nono ano do ensino fundamental. Assim que a aula termina,
retorno a ligação. Era uma amiga professora aposentada que disse:
- Sua professorinha está aqui em casa. Quer revê-la? Corre
que já está de partida.
Pedi que esperasse que logo estaria lá. Peguei um livro meu,
fiz uma dedicatória e me encaminhei para a casa de minha amiga. O coração
estava acelerado. Iria rever uma pessoa que havia marcado minha vida com um baú
de gentilezas e amorosidade depois de mais de quarenta anos. Ao chegar, de
longe vi uma mulher miúda, com o olhar iluminado, um sorriso farto no rosto.
Apesar de que em minhas memórias de infância imaginava uma mulher alta, esguia:
coisa de menino pequeno. Demos um abraço demorado e deixamos que as lágrimas
caíssem sem constrangimento. Os familiares todos ali assistindo a cena sem
entenderem direito o que viam. Entreguei meu livro a ela e agradeci por tudo o
que representava em minha vida, as marcas deixadas em suas lições, seu afeto,
nossos passeios. Tereza Cristina olhou firme em meus olhos e numa voz serena me
falou:
- Quem dera todas as professoras do mundo tivessem a alegria
de ver seus alunos se tornando homens como você. Estou feliz e recompensada.
Agradeci novamente e disse que a sorte era minha por ter o
privilégio de ter na vida professoras como ela que colocavam o amor à frente de
tudo e por isso transformavam a vida das pessoas. Como estava de saída, não
quis atrasar sua viagem, dei novamente um abraço e me despedi. Voltei para casa
com o coração feliz por ter revisto minha amada professora e poder falar, ainda
em vida, toda sua importância na minha formação. Muito do que sou devo aos meus
queridos professores. Foram tantos e de cada um levo guardado no fundo da alma
as palavras, em aulas que ainda recordo e que carregarei até o fim de meus
dias.
É isso aí!
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