MINHA TERRA
Minha terra, meu amor, o meu sossego
Onde a vida vai e vem, corre mais lenta
Um bem querer, uma paixão, o meu apego
Na quietude do sereno, a paz me tenta.
As serestas, cantoria em madrugadas
A benzedeira, uma reza, uma oração
As folias, capoeira e as congadas
E os artistas burilando a emoção.
Cachoeirinha, roda d’água, uma saudade
Cisco, ribeirão de tanto banho e pescaria
No Pântano, água clara de verdade
Vai beijar o grande rio todo dia.
O leite alimenta, enriquece e abençoa
Nas mãos do homem, o calo e a lembrança
Um fruto doce, ostentando sua coroa
Vai! Pega! Junta a carga e a pujança
O Rio Grande poderoso traz a luz
Traz o peixe, a mansidão e o descanso
Nossas barcas, que em seu leito ele conduz
No pulsar, no compasso do remanso.
Carro de boi, quanta coisa já levou
Hoje carrega a nostalgia de uma era
Que o carreiro paciente ressoou
Com seu canto, um gemido, uma espera.
Rama adocicada, o melado, a rapadura
Mostra a alma de uma terra abençoada
O trabalho, o bóia-fria, a vida dura
Não emperra, não impede a caminhada
Professorinha, que caminha e que ensina
Meninos com embornal e um caderno
Lá de longe dá pra ver: “que bela sina!”
Uma missão que é parceira do eterno.
O balaio, o canivete, a pinhola
O vaqueiro grita o gado pelo nome
O pandeiro, o tambor e a viola
Uma voz que o tempo não consome.
Seu povo, sua gente, grande bem
Faz da vida, uma bendita doação
Na calmaria do seu jeito, vai também
Abraçando o que chega como irmão.
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