ROMÂNTICOS
Vivemos em uma era que o romantismo perde espaço
para a sofreguidão, para a pressa e o desejo de ver as intenções realizadas em
prazos mínimos. Queremos as coisas para ontem, considera-se perda de tempo
dedicar um pouco mais de atenção e tentar burilar com mais cuidado as relações.
Nem falo dessa coisas de abrir portas ou outros costumes que sempre
estigmatizaram o romantismo. Não faço apologia ao machismo, menos ainda à
condição de submissão feminina. Falo da possibilidade do elogio, da
cumplicidade, da troca de olhares furtivos em meio às turbulências.
Os românticos são tolos, diriam alguns. Choram
fácil, riem fácil. O romântico é uma espécie em extinção. Há uma notória escassez
de gentileza, uma precariedade na troca de afagos. Tudo é feito na base do
afogadilho, com pressa, sustentado no desespero cada vez mais contrário à
esperança.
Costumamos ser fartos na crítica, na acidez de
comentários doídos, e econômicos nas palavras que erguem, aquelas que de, tão
gostosas, fazem cócegas na alma. Seria bom deixar-se guiar pelos compassos
ritmados - nem sempre - do coração, pela sintonia doce do afeto sincero num olhar
de bicho de pelúcia, destes bem brilhantes que fixam no rumo da gente,
dedicando quase uma admiração filial.
Romanticar é o verbo. Um neologismo
proposital, meio Guimarães Rosa, carregado dos significados amplos de um viver
repleto de intenções saborosas, posto que vem encharcado de sentimentos
compreendidos pelos românticos, quase sempre só pelos românticos que vivem em
constante estado de poesia.
É isso
aí!
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