O PÃO E O BANQUETE

16:29 José Luiz 0 Comments



O PÃO E O BANQUETE

Ele apreciava aquele pão com tamanho prazer que dava gosto ver. Acordara cedo e se incumbia de consumir um pão caseiro saindo fumaça, que de tão quentinho fazia derreter a manteiga de leite que acabara de passar. Na mesa um café quente feito com os ingredientes fundamentais: café e amor. Degustou sem pressa aquele pão e tomou seu café apreciando demoradamente o aroma... ainda tinha alguns minutos para isso. Beijou a esposa e os filhos e seguiu tranquilo. No bairro vizinho, uma mesa farta aguardava aquele homem que tinha a cabeça povoada por problemas. Comeu às pressas, sem ao menos perceber o que estava comendo. Saiu sem se despedir, sem um beijo, sem um aceno sequer.
Um pão amanteigado pode ser muito melhor que o mais rico dos banquetes, se dedicar o tempo certo para apreciar. A paz e a ansiedade vivem a brigar, a ver quem tem mais espaço. Se buscar no dicionário irá verificar que a palavra ansiedade tem várias definições: aflição, angústia, perturbação do espírito causada pela incerteza, relação com qualquer contexto de perigo, entre outros. Levando-se em conta o aspecto científico, devemos entender a ansiedade como um fenômeno que ora nos beneficia, ora nos prejudica, dependendo das circunstâncias ou intensidade, e que pode se tornar uma patologia.  Em seu lado bom, a ansiedade estimula o indivíduo a entrar em ação. No entanto, em excesso, faz exatamente o contrário ao impedir nossas reações e desencadear sintomas que provocam profundo mal estar.
Realizar atividades tais como exercícios físicos diários, alimentação balanceada, equilibrada e de boa qualidade, cuidar da qualidade do sono, religiosidade, arte-terapia, lazer... irão fazer com que tenhamos melhor qualidade de vida e maior controle sobre a ansiedade. Ocupar-se de coisas que provoquem bem-estar, prazer, é uma opção extremamente saudável e costuma contribuir para aliviar as dores da ansiedade.
Não é uma escolha sentir ansiedade. É um mal que precisa ser cuidado para não se tornar crônico e avançar para outros males piores. É uma doença, segundo a medicina oriental, das energias do corpo, que provoca um desiquilíbrio no organismo como um todo. A ansiedade desmedida pode potencializar nossas sensações, amplificar nossos medos, nossos pavores, nossas inseguranças e preocupações, e impede que apliquemos com eficiências nossas capacidades intelectuais.
Não podemos permitir que a ansiedade, nosso excesso de preocupação, nos impeça de viver o hoje e fiquemos com a mente presa a um futuro que ainda chegar. Viveremos aos cacos, em pedaços num presente rico e privaremos os outros de nossa convivência por inteiro. Essa ansiedade desmedida é feito faca que vive a cortar nossa carne e a nos furtar o sabor das coisas, aprisionando-nos dentro de nossos cárceres interiores. Vivemos a antecipar os problemas, a vivê-los antes do tempo. De nada ajuda. Isso dói, machuca e é desnecessário. Tem o antigo ditado que nos ensina que quem tem pressa come cru, agora quem tem ansiedade exagerada, sequer sente o prazer de comer. Há uma pressa de tudo, um medo de tudo, um jeito ruim de viver que derruba a esperança e faz doer. Nós não sabemos, ninguém sabe e tem o poder de definir o que vai ser no futuro. Assim, deixe o futuro ser futuro e viva o espetáculo da vida que é celebrado hoje, agora.
A ansiedade é poderosa, ela tem o poder de anular os outros bons sentimentos, as boas emoções. Ela nos anula, nos apequena, nos faz desprovidos da vontade de enfrentar o novo, os desafios que a vida impõe. Que consigamos fazer uma faxina nos sentimentos e emoções, jogar no lixo a ansiedade que aflige e angustia, descartar as coisas que fazem mal e viver mais e melhor.  Ansiedade boa é aquela da criança que espera a fila da pipoca... Sabe que vai chegar sua vez e aguarda com alegria no coração.
A ansiedade cega o sonhador, desmantela os sonhos, quebra expectativas, sufoca os desejos. Quem alimenta e fornece o combustível para a ansiedade somos nós mesmos. O antídoto para esse veneno também mora dentro de nós. Que a gente consiga buscar no recôndito de nossas almas o remédio para a cura dos males da ansiedade e dos implacáveis medos que vivem a nos assombrar.

É isso aí!

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