OLHAR

16:31 José Luiz 0 Comments



Engraçado como as coisas são... cada um julga o outro com os rigores do próprio olhar. Para alguns, uma pessoa calada é humilde demais. Para outros, uma pessoa efusiva, alegre, é alguém com sanha de aparecer. Quase nunca podemos concluir com tanta pressa. Pode morar no peito de uma pessoa silenciosa um dragão que não consegue colocar para fora as rajadas de fogo e, ainda,  habitar no coração de uma pessoa extrovertida uma mente limpa e cheia das melhores intenções.

Outra coisa. Bondade não é sinônimo de fraqueza. Não deixar o coração se contaminar por maldades alheias é força, é altivez de espírito, é altruísmo. O defeito de quem lança mão de maldades e ações peçonhentas pertence a quem os pratica, não à vítima. É difícil aceitar, para os duros de coração, que haja pessoas com índole assim. Seres pacíficos, não passivos, que elegem a boa intenção em primeira instância, que carregam sempre a palavra que irradia o bem, que cura, ou, ao menos, não faz esparramar a dor.

O pior é que as pessoas assim sofrem por, justamente, insistirem em ter atitudes generosas. Necessitam da alegria do outro para ter alegria também. Não se deixam contaminar pelo ódio, mesmo quando vilipendiadas ou injuriadas. Apesar de terem momentos de desgosto e aflição, como todo mundo, e de serem acometidos pela tristeza, tiram de si o melhor, elevam a alma, perdoam e seguem adiante. Nunca deixam a mágoa ser maior que seu desejo genuíno em praticar o bem. Não são tolos, como tantos imaginam. Lembram de tudo, mas sem sentimento de vingança ou retaliações. Simplesmente, lembram sem raiva. Vamos aprendendo com elas.

É isso aí!

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SAIR DO LUGAR

16:28 José Luiz 0 Comments



Ser poeta da esperança em tempos rudes não é coisa fácil. Para os que elegem a crueza de dias ruins como inspiração para uma alma doída, até compreendo que esse tempo seja pura inspiração. Dias tristes passam morosos, demoram demais, doem demais. Sou dos tolos que sempre esperam, que carregam a esperança mesmo quando tudo parece conspirar contrário.

Assim, como diria Bandeira, também “quero antes o lirismo dos loucos”. Os que ousam, sorriem, arriscam, sonham e choram emprestam ao mundo uma maneira arejada, repleta de novos matizes e performances, ao enfrentar os medos e desafios que a vida impõe. Deixo a desesperança angustiante para o que têm acanhamento em mostrar-se gente, em fazer-se humano. Se for para chorar, que venham as lágrimas. E quando o luto passar - que seja breve - lutar é a melhor receita. E quando for época dos sorrisos frutificarem que encham os galhos em fartura e ressurjam em novas vidas a partir de suas sementes. Há os que trazem uma vida carregada de pudores, tabus e meias verdades, cujas máculas se apegam feito nódoa, e se apegam a elas como marcas vitais. Triste.

Por força de suas mãos, pessoas inspiradoras fazem o mundo caminhar, sair do lugar. Cantam, mesmo que para si mesmo. Oram, mesmo que silenciosamente. Abraçam, mesmo sem reciprocidade. Trabalham, mesmo quando tantos desanimam. 

Persistam, não se assosseguem, pois dependemos visceralmente de suas energias.

É isso aí!

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CULPAS

17:03 José Luiz 1 Comments



Eu desafinei, mas os culpados foram os músicos que erraram as notas! Eu tropecei, porém a culpa é da pedra que se pôs no meu caminho! Eu nunca, eu não, eu jamais... Assim, sempre, a culpa pertence ao danado do outro que veio intervir na hora errada! Amigo, se você desafinou é porque a voz não ajuda e, se observasse melhor, poderia ter se desviado da pedra. Há sempre motivos para justificar nossas derrotas, quase nunca amparados nas próprias omissões, falhas ou ausência de habilidades.

É mais fácil jogar o peso de nossas culpas nos ombros alheios, pela incapacidade de suportá-las. É bom fazer uma forcinha de vez em quando para aceitar que somos passíveis de erros e que, por conta de nossa humanidade e pequenez, caímos vez ou outra. Tem hora que o orgulho é grande, consegue ser maior que a gente, e nos impede de olhar sem manchas o espelho intimo que cada um carrega escondido. É preciso tirar a sujidade da superfície, pois às vezes impedem uma visão mais clara de nós mesmos.


O erro pode ser caminho da virtude. Não devemos elegê-lo como meio, mas como fruto do acaso que nos permite crescer, aprimorar. Pedra bruta que se forja nas agruras de toda existência que, para ser das boas, tem de ter atribulação, sonhos, lágrimas e risos. Viver é bom demais, mas não é nada fácil. Como diria o aforismo matuto dessa gente simples, “rapadura é doce, mas não é mole não”. 


Impávidos colossos que a tudo enfrentam, fortalezas imbatíveis que julgamos ser. Tolices que só nos causam dor. Tem hora que o abraço do outro é o que nos resta, sustenta-nos, faz-nos permanecer de pé. Na consciência de que somos pequenos, tornamo-nos gigantes.


É isso aí!
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VIVER

14:23 José Luiz 0 Comments


Que tenhamos a sabedoria de viver em plenitude cada momento, pois é o que nos resta. O ontem é passado e o amanhã é esperança. Esperam tanto dele e ainda nem chegou. Que o hoje consiga ser melhor que o ontem e seja cama confortável para que o futuro repouse tranquilo. Amém!

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ENTUSIASMO

10:46 José Luiz 0 Comments



          Tem gente que é bom ter sempre por perto. São os entusiastas. Não falo daqueles tresloucados, otimistas do exagero, que, desvairados, nada sai fruto de suas mãos. Ficam somente na efusiva explanação e nunca dão o primeiro passo. Gosto dos que seguem adiante apesar das amarras, das adversidades. Tem os que afirmam que a motivação não dura eternamente, como se fosse algo ruim. Não deixa de ser verdade, porém, é preciso lembrar que o banho deve ser tomado todos os dias, pois seus efeitos não persistem para sempre. A motivação deve ser renovada diariamente. 

          Um dos segredos do ser motivado é que ele consegue encontrar alegria na alegria dos outros. Desprende-se de seus egoísmos para vislumbrar as conquistas de quem convive com ele e felicitar-se por elas.  Apesar de, por vezes, incomodar com um sorriso fácil no rosto, ele segue. “Tire sua carranca do caminho que eu quero passar com meu sorriso”. Mesmo nas maiores dificuldades, o motivado dá jeito de prosseguir e não se apequena, não se encolhe, nem deixa o mau humor assumir sua personalidade. 

          A alegria é social, a dor é particular. A alegria nos leva ao encontro do outro, faz-nos ainda mais sociável, permite enxergar o outro. Por ser tão nobre, por ser tão milagrosa, não deve morrer com a gente, merece ser partilhada, de preferência, compartilhada, dividida.
Para ser bela tem de ter espinhos. Assim é a vida, enfatiza o poeta. Não existe história sem dor, escrita totalmente na linearidade de ser feliz. Por mais maravilhosa que aparente ser, há sempre a presença do sofrimento, até mesmo para que possamos reconhecer a alegria quando surge verdadeira. 

          Que ela, a alegria, ocupe a maior parte de nosso tempo. É o ideal. O entusiasta de verdade não tem a necessidade visceral de parecer feliz. Nele, essa coisa é espontânea, flui de forma natural.  Obrigado por existirem!

          É isso aí!

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SIMPLES

15:45 José Luiz 0 Comments




Quando seus jardins derem flor, avise-me. Dê um jeito de chegar até a mim essa notícia. Caso as flores não vierem, as pragas teimarem em atrapalhar seu vicejar, mande notícias assim mesmo. Irei pedir que não desanime e que se empenhe no bom combate. O segredo está na terra, no preparo do solo, no cuidado com as menores coisas. Aproxime-se do sol, da lua, dá água. Mantenha contato mais íntimo de onde veio e para onde vai. Tudo o que usufrui e o que sustenta vem da terra. Talvez, aí esteja a razão de minha satisfação quase orgástica em tocar o solo, em sentir sua textura. Sinto parte de mim. E é. 

Os jardins habitam nossos sonhos antes mesmo de existirem. E se existem no fundo de nossos quintais é pela razão de termos sido bons e cuidadosos. Numa espera fértil do jardineiro que, enquanto espera, cuida para que nada falte às plantas, vamos seguindo. Nada vem de graça. Sem querer impor crenças no destino ou fundamentar teorias fatalistas ou cabalísticas, muitas vezes, é preciso paciência para compreender o momento de turbulência para, no futuro, chegar à conclusão de que tudo era para acontecer. Mas, fica pulsante a certeza de que a espera não deve ser vã, estacionada na inércia, esperando o tempo passar. Quem tem esperança em alguma coisa, move-se, põe-se a caminhar, vai adiante. Não vem flor bonita sem capricho, não há planta que cresça sem o olhar amoroso do jardineiro. Sem esmero só fica o lamento, a incômoda sensação de que poderia ter sido um pouco diferente.

A lembrança de um homem rústico, com as unhas sujas de terra, chapéu de palha, sorriso delicado na face e um olhar distante no porvir, para mim é a figura que mais se aproxima do Criador. Na simplicidade está estampada a verdadeira beleza.

É isso aí!

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