Zé Luiz

17:29 José Luiz 0 Comments



DIFERENÇAS


Não tenho tido tempo, nem paciência para certas discussões, que, de tão vazias de sentido, tornam-se ocas. Dá preguiça certas teimosias. O que dá para ser mudado é de bom alvitre tentar promover a mudança. O que é sabidamente incrustado e sólido, não vale a pena permanecer com pirraças e insistências. É preciso respeitar o ponto de vista do interlocutor. Muitas vezes, nem vão concordar comigo. Só peço que, se possível, respeitem meus posicionamentos, assim como tentarei fazer com os dos outros. Tentar inferiorizar o outro porque tem pensamentos adversos, aí sim, é coisa de gente menor. As cores são belas porque são todas, porque são tantas.


As ideias se opõem o tempo todo. Tolo quem pensa que é juiz de tudo e sabe tudo sobre tudo. Ninguém é dono da verdade absoluta, até porque, segundo muitos sábios, ela sequer existe. Haverá postura contrária em qualquer circunstância na vida. O contraditório é direito consumado. Pensar diferente não pode ser o fiel da balança para definir um grupo como pior ou melhor. O preconceito, a violência, a ignorância, sim, são elementos que minimizam e trazem para a vala mais funda a condição humana. 


Tenho medo do futuro quando assisto manifestações de ódio provocadas por divisões que vão desde as coisas mais simples até as mais complexas; de uma escolha por um time de futebol a uma dissidência religiosa, passando por cisões partidárias ou por uma diversidade étnico-cultural. Alguém se achar no direito de eliminar a vida do outro porque tem uma ideologia diferente é o máximo da incongruência, o pior dos absurdos. Isso é algo que a história já deveria ter abominado. 


A única certeza que temos é que temos diferenças. Somos iguais nas diferenças. Ainda mais num país em que a miscigenação é sua principal característica. Refazendo... a miscigenação é sua melhor característica. A quem respeita o semelhante, independente de sua condição econômica, religiosa, ideológica ou qualquer outra peculiaridade, o meu respeito.


É isso aí!

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Zé Luiz

17:21 José Luiz 0 Comments


NUVENS E CHUVAS

Não espere de mim mais do que posso oferecer. Vou sempre tentar fazer o melhor, no entanto o meu melhor pode não suprir suas expectativas. A brincadeira fica na brincadeira. O que é sério há de ser sério. Nada substitui o que já se cristalizou e é rocha dentro do peito, melhor... já virou diamante, e há muito. A vida insiste em desviar nossas rotas e tem hora que a guinada deve ser celebrada, pois pode ser tempo de mudança. Há outras coisas que merecem ser preservadas, tal o seu valor e dimensão.

Amo com todas as forças o que me faz ser o que sou. Abandono, vou para perto, enfrento o mundo, acalento os sonhos, em favor dos que sempre se dedicaram tanto a mim, até mais que deveriam. Não sou santo, nem demônio, apenas um homem que se deixa inundar por seus sentimentos, porém consegue domá-los no mínimo possível. Quero plantar sua muda de cajá-manga para poder degustá-las juntos; quero ainda ter caju no pé que teima em apenas florescer; quero morrer do seu lado, melhor, bem melhor, quero viver longamente do seu lado.

E quando tudo parecer perdido que eu encontre o caminho pelos seus olhos que nunca se furtaram em me servir de farol. Nau perdida em rudes mares, que eu me deixe guiar por suas mãos seguras e serenas. E lá na frente, quando chegar a hora dos cílios se juntarem, que os meus cerrem primeiro, e que eu parta feliz porque vivi bem, porque minhas nuvens fizeram-se chuva, minhas canções foram cantadas, minhas desalinhadas escritas foram lidas e porque, por sua causa, tudo valeu a pena.

É isso aí!
        

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Zé Luiz

14:56 José Luiz 0 Comments


GRATIDÃO

Gratidão é algo que não se cobra, não se exige, não se impõe. Pela vida da gente, passam muitas pessoas que deixam marcas e imprimem lições. Aprendemos, tantas vezes, mais com aquele que erra mais do que com os pregadores da virtude. Bom mesmo é aprender a não sermos iguais àquilo que não nos encanta. Não posso condenar alguém porque em determinado momento da vida pensou diferente de mim, tomou outros caminhos, trilhou novas possibilidades. Nessa brincadeira de viver, a via é quase sempre de mão dupla. O que a mão direita oferta, a esquerda nem precisa ficar sabendo. Para praticar a caridade, não é necessário alvoroços, nem propaganda escandalosa. 

O filho deve ser grato aos pais pela possibilidade do existir. Os pais, por sua vez, gratos pela rica oportunidade de poder passar adiante seu legado. Tudo gratuito, natural. O empregado deve ser grato pelo trabalho que rende o sustento de seu lar. Os patrões, mais gratos ainda por ter colaboradores que contribuem efetivamente na produção de sua riqueza. Grata é a esposa que tem o abraço protetor do marido. O marido, que se preze, nem dá conta do volume da gratidão que tem por tamanha cumplicidade e amor.

Somos feitos uns para os outros. Mesmo dos inimigos dependemos. A diversidade de cores e formas que compõem a teia que nos liga faz-nos dependentes, vinculados, meio que atados. Guardar rancor mancha a beleza da teia, deixa desbotadas as cores, corrói a força e o viço que dão vigor à existência.

É isso aí!

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ZÉ LUIZ

19:34 José Luiz 0 Comments





A vida é boa. É boa porque ainda tem rosa para plantar, tem pão de queijo para comer, tem livro para ler, tem rede para deitar. Vale a pena insistir nessa coisa toda porque ainda há amigos para de vez em quando poder discordar, tem beijos recolhidos para serem dados, tem chinelo de dedo, tem chão para pisar. Essa loucura destemperada chamada vida é urgente, pois me vem a certeza de que ainda há lenha para queimar, há sonhos para se alcançar, há estrada para caminhar.


Quero insistir o tanto que der, quero pelejar até a última gota de suor, quero esperar a espera do jardineiro, quero ter tempo para apreciar o tempo. E quando não der mais, que eu diga que foi possível chegar até onde deu para chegar. Certo que haverá a sensação da perda, mas não a frustração da omissão, a triste impressão de nada ter feito por nunca ter tentado. Que as nuvens sejam chuva, que a canção saia da garganta, que a lágrima brote quando tiver de vir. 

Há pessoas que me inspiram, que me instigam, que me ensinam. Essa gente que me estimula, por amor, vive a me jogar para frente. Permite-me o ajustamento, a superação. Grato porque não pedem nada em troca. Simplesmente são.
Inundado pelas dúvidas que cabem a todo ser que pensa minimamente, que eu me permita mudar, desviar as rotas, desviar das rotas, tentar novas expectativas, experimentar novos sabores. Que os carrapichos que se prenderam a mim na caminhada sejam percebidos e eu não me acomode à dorzinha que eles provocam, mesmo que as dores da mudança façam-se necessárias e sejam talvez maiores. Que eu não fuja de mim mesmo, nem de minhas aspirações e que seja capaz de preparar o terreno para que elas prosperem. 

É isso aí!

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