Zé Luiz

09:26 José Luiz 0 Comments



TUCANOS E ARARAS

Os pássaros se achegam nas árvores urbanas como quem pede socorro. Não são invasores conforme afirmam alguns. Vêm em busca do alimento que um dia deles usurparam. Ao mesmo tempo em que é bonito ver o tucano e a arara visitando as proximidades de nossas casas e pousando nas árvores das praças, por outro lado é melancólico saber que estão ali porque não encontram guarida nos recantos que deveriam ser deles. Os olhos enchem de uma boniteza que surpreende em meio à frieza do concreto e do asfalto. No coração, uma ponta de sofrimento por saber que precisam correr riscos entre as máquinas, prédios e pessoas para subsistir.
Poderia fazer aqui um esboço de uma reflexão ecológica, mas vou me atrever a ponderar e traçar um paralelo entre os pássaros e nossa própria existência. Triste não ter para onde ir, onde buscar seu sustento, em quem amparar suas aspirações. Por isso, o ser humano é um bicho social. Até para discordar, precisa de outro para confrontá-lo. Sozinho, é inerte, é folha solta, desgarrada e, por vezes, amarga. 
A gente busca escorar nossos alicerces nas relações que travamos com o mundo. Se preciso, vamos longe buscar apoio ou refrigério nas horas de angústia. Buscamos no colo do outro, nas palavras que fazem reerguer, o sossego para aquietar nossos espíritos. O pássaro vem de longe para saciar sua fome física. Ali, mesmo em ambiente estranho, faz seus ruídos e cantos propagando ao mundo sua (in)satisfação. 
Nós, muitas vezes, temos a fonte para abastecer nossas vidas ali do lado, e não viramos os olhos para enxergar o óbvio. Não é preciso muito para tentar ser feliz. É preciso encontrar sentido nas coisas e estabelecer uma predisposição para tal. Afinal, felicidade e tristeza não são exclusividade de ninguém. Todos podem tê-las em abundância. Prefiro a primeira opção.

É isso aí!

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Zé Luiz

11:06 José Luiz 0 Comments



MESTRES EM TUDO


Impressiona como algumas pessoas julgam-se sabedoras de tudo, especialistas do além, munidas de uma inteligência sobrenatural capaz de dotá-las de conhecimento amplo e irrestrito sobre toda matéria da vida. O mestre Paulo Freire disse que “ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” Diante de tal assertiva contundente e oportuna, conclui-se que é ousadia demais querer ser detentor do saber em todo e qualquer assunto. Tem hora que é melhor se calar do que querer impor seus pensamentos, muitas vezes rasos, sobre determinado tema. E quando não conseguir controlar o ego, fazê-lo de maneira que compreenda que outros também pensam e, mais, podem pensar diferente. É a lógica do contraditório, a temperança do entendimento de que pessoas pensam e agem de forma desigual. Ninguém é clone de ninguém.

Gosto de dar meus pitacos de vez em quando, mas evito palpitar em tudo, especialmente naquilo que minha cultura está distante do domínio em alguma área específica. Sob o risco de emitir opiniões infundadas, procuro ser precavido e parcimonioso no envolvimento em certas discussões. Não é omissão, nem fuga, mas sim o exercício do direito de me abster algumas horas para não parecer ridículo, nem pedante. Tem hora que é melhor parar para aprender, do que continuamente querer usar o tom professoral e se atrever a dar lição sempre.

Para perceber nossa pequenez cultural basta entrar na menor das bibliotecas e verificar que sabemos pouco diante da vastidão do que representa o conhecimento produzido ao longo da história. É questão de sensatez.

É isso aí!

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Zé Luiz

11:28 José Luiz 0 Comments



CAPRICHO


Jardineiro precisa acreditar que as rosas vicejarão para que elas de fato desabrochem. Em tudo o que fazemos, é preciso entregar o melhor de nós. Na menor das atividades ou na mais importante das tarefas a dedicação deve ser similar. Caso se coloque a fazer algo em que não acredita, as chances de fracasso são consideráveis. Corremos o risco de sermos chamados cidadãos “meia boca”, gente “mais ou menos”, quando empreendemos o mínimo naquilo que nos é confiado. Sem capricho não há resultado satisfatório em nada. Conhecemos o perfil de uma pessoa na qualidade daquilo que realiza.

Todos os grandes tiveram convicção de seu papel transformador e foram cônscios da força de seus talentos. Confiança é primordial para obter êxito em qualquer função. Perceber-se provido de qualidades, porém, não pode ser motivo para querer se postar num patamar superior na casta dos humanos. É reconhecer-se pronto para executar a missão com a consciência de que sozinho não se constrói grande coisa. É, ainda, saber que talento vem de graça; a diferença é saber fazer bom uso dessas habilidades que, geralmente, são espontâneas, são dádivas. Aperfeiçoá-las e colocá-las a serviço é que torna o ser propício a conquistas, a avanços. Avançar é seguir adiante, alavancando junto quem está do lado também envidando esforços.

Não quero aqui me arvorar a dar conselhos, nem ouso fornecer receitas prontas para nada na vida. Cada qual sabe o ponto aonde quer chegar e os meios para que isso ocorra. Nada vem do acaso, nem cai pronto do céu. Vamos indo que o mundo não para!
É isso aí!

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Zé Luiz

09:56 José Luiz 0 Comments




Chega-se um tempo na vida que não há tempo mais para esperar. Vivemos à custa dos medos e desconfianças que acumulamos na trajetória. Somos agarrados e amarrados a algumas verdades absolutas que nos impedem de correr certos riscos. Achamos que não podemos mais isso, nem aquilo e que passamos da idade. Os anos deitam sobre nossas camas de forma feroz. A bateria, dantes plenamente carregada de energia, vai se atenuando. Aí, quando resolve alguma coisa, já não tem mais reservas, só as reservas que empacaram seus anseios. “Uma vida gasta cometendo erros não é mais honrada, mas é mais útil do que uma vida gasta fazendo nada." George Bernard Shaw simplifica o que tantos tentam dizer em longas dissertações e ensaios. É preciso gastar a vida de maneira que ela se torne maior do que ela irá durar, que o legado surja dos arrojos e dos desafios de um viver criativo. 
Arrisque-se um pouco mais. Dê à vida o melhor de si, mergulhando nas coisas que deseja fazer. Nem sempre iremos fazer o que queremos, mas devemos querer o que fazemos, para fazer bem, para surpreender, para ser diferente da mesmice dos que não conseguem arredar os pés do cimento já quase endurecido. 
Desfaça-se dos grilhões que impedem de ver o pôr do sol, as novas perspectivas e possibilidades, os desafios de recomeçar. Cai o muro, brota o horizonte que se apresenta vistoso para os projetos que pululam nascidos das ruínas e do passado que ampara tudo o que somos. Que o medo nos proteja dos perigos, mas não se torne impedimento para uma vida mais fecunda e intensa. 
É isso aí!

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