José Luiz
O PALHAÇO
Quase toda poesia, por mais alegre que
pretenda ser, teima em trazer contida um pouquinho de melancolia. É encantadora
por trazer um tipo de tristeza que ousa ser bonita. Assisti um filme que
retrata bem esse ideal poético. “O Palhaço” é leve, doce, emocionante,
justamente por não ter a pretensão de arrebatar. Vai nos conduzindo por
estradas e caminhos com uma singeleza sem igual. A magistral interpretação do
elenco consegue expor um universo exterior que existe por trás das lonas do
circo. A paixão que move aquelas pessoas, a pureza das intenções, o amor pela
arte, parece ser maior que todas as dificuldades encontradas. São artistas,
braçais, vendedores, porteiros..., fazem tudo para manter vivo o sonho do
circo. Comemoram pela platéia pequena, choram pela estréia da menina, sofrem
pela partida do amigo. São unidos pela linha do coração, parecem peças
interligadas que não deixam a ilusão esvaecer.
É desses filmes que fazem a gente se
encher de orgulho do cinema nacional . Não possui cenas com apelação erótica,
nem dá ênfase a um Brasil mutilado pela violência. Mostra uma brasilidade rara,
romântica, meio inocente. Cenários que se assemelham à nossa realidade
interiorana puxam-nos para nosso cotidiano repleto de desejos e sonhos secretos
e que, no fim, somos levados a compreender que a felicidade sempre esteve ali
tão pertinho, apesar de insistirmos em lançar o olhar sempre para mais longe.
É isso aí!
0 comentários:
Postar um comentário