José Luiz

14:05 José Luiz 0 Comments



O PALHAÇO

          Quase toda poesia, por mais alegre que pretenda ser, teima em trazer contida um pouquinho de melancolia. É encantadora por trazer um tipo de tristeza que ousa ser bonita. Assisti um filme que retrata bem esse ideal poético. “O Palhaço” é leve, doce, emocionante, justamente por não ter a pretensão de arrebatar. Vai nos conduzindo por estradas e caminhos com uma singeleza sem igual. A magistral interpretação do elenco consegue expor um universo exterior que existe por trás das lonas do circo. A paixão que move aquelas pessoas, a pureza das intenções, o amor pela arte, parece ser maior que todas as dificuldades encontradas. São artistas, braçais, vendedores, porteiros..., fazem tudo para manter vivo o sonho do circo. Comemoram pela platéia pequena, choram pela estréia da menina, sofrem pela partida do amigo. São unidos pela linha do coração, parecem peças interligadas que não deixam a ilusão esvaecer.
          É desses filmes que fazem a gente se encher de orgulho do cinema nacional . Não possui cenas com apelação erótica, nem dá ênfase a um Brasil mutilado pela violência. Mostra uma brasilidade rara, romântica, meio inocente. Cenários que se assemelham à nossa realidade interiorana puxam-nos para nosso cotidiano repleto de desejos e sonhos secretos e que, no fim, somos levados a compreender que a felicidade sempre esteve ali tão pertinho, apesar de insistirmos em lançar o olhar sempre para mais longe.
          É isso aí!

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