José Luiz
PRETO E BRANCO
Tem quem gosta de curtir o amargor dentro de si, como se fosse uma conserva de jurubeba. Tem também quem estabelece parcerias com o otimismo, o bom humor, a esperança, até mesmo quando a situação parece não ser tão favorável. Até poucos dias, dizia que deveríamos olhar o mundo de um jeito colorido, com todas as suas nuances e formosuras. Até que me deparei com uma aluna daltônica, extremamente voluntariosa, comunicativa, feliz. Não tive alternativa. Refiz este conceito. O mundo para ela é preto, branco ou cinza. Mesmo assim, tem grande presença de espírito e elevada autoestima. Tem óculos grossos, olhinhos apertados e diz, com a maior tranquilidade, que todos deveriam um dia ter o privilégio de ver o mundo em duas cores. Demos boas risadas, ouvindo suas experiências inusitadas.
Essa menina é exemplo raro de quem utiliza literalmente o jogo do contente. Busca o lado bom das coisas e das pessoas. Mesmo em tons alvinegros consegue enxergar o esplendor da vida. Essa coisa boa de ter família, de ter amigos. Vamos perdendo ao longo do tempo o costume de nos ajuntar. Os irmãos vão se distanciando, os amigos cuidando de seus afazeres, cada qual com seus problemas e preocupações. Olhando o jeito desta menina, vejo que deveríamos arranjar motivos para o encontro, para o entrelaçar de afetos que ainda pairam solenes dentro de cada família ou grupo de amigos. Se o cachorro faz aniversário, convoque a turma para um festejo. Revezem os ambientes, combinem para assistirem o jogo juntos, ou para fazer uma pamonhada, uma galinhada, um simples churrasco onde cada um leva um pouco de carne e uns litros de refrigerante. Não podemos cometer o disparate de nos condenar à solidão, às agruras de viver casmurro e enclausurado em nosso cárcere emocional. O importante é a celebração da união. É a prática do amor em primeira instância.
É isso aí!
0 comentários:
Postar um comentário