José Luiz

11:48 José Luiz 1 Comments

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?

Assisti a um filme magistral. Desses que pregam na mente para nunca mais sair. Tinha ouvido falar desta película por ter sido ganhadora do Oscar de melhor filme em 2009, mas, como todo bom mineiro, esperei com desconfiança. A história se passa em Mumbai, na Índia. Não espere imagens como naquela Índia idealizada da novela. O filme mostra um país real, cheio de contrates, com paisagens que expõem as entranhas e mazelas indianas, numa composição de verdades cruéis, como por exemplo, o Taj Mahal, um palácio magnífico, e ao fundo um rio pútrido, repleto de lixo, expondo um quadro exótico, desmitificado.

Assim como os filmes nacionais de sucesso nos últimos anos que colocam à mostra as vísceras de um perverso sistema social (Carandiru, Cidade de Deus, Central do Brasil,...), “Quem quer ser um milionário?” mostra a infância sofrida de três jovens e seus percalços ao longo de suas lutas pela sobrevivência. Amores bestiais, absoluta ausência de recursos, sofrimento infantil, desvios comportamentais: tudo permeado por uma verve poética e repleto de momentos ternos e lúdicos.

Um rapaz de 18 anos tem a sorte de participar de um jogo televisivo em que as perguntas coincidem com todas as suas vivências, em que ganharia milhões de rúpias (moeda indiana) se chegasse ao final da contenda. Porém, seu objetivo maior não era a riqueza instantânea, mas sim encontrar seu amor perdido. O filme é impactante, no sentido de que nos tira da zona de conforto, abala nossas estruturas materiais e psicológicas, mexe com nossa inércia, nossa acomodação. A cena em que as três crianças se abrigam, protegendo-se da chuva, molhadas, tremendo de frio, após perderem os pais, num sangrento massacre dos hindus contra mulçumanos, é emocionante e desconfortante, porque sabemos que cenas parecidas, com tons diferentes, brasileiros, acontecem pelo país afora. Crianças são judiadas, aviltadas; têm a infância invadida e sofrem as piores barbáries.

Ganha quem tirar tempo para assistir essa bela obra oriental. Faz-nos refletir e querer beijar a vida com mais paixão, sermos mais gratos e solidários.

É isso aí!

1 comentários:

Yussef disse...

Muitas vezes todos precisamos mesmo ser chocalhados para não perdermos de vista que há realidades más pelo mundo.
Eu ainda não assisti ao filme, mas o farei logo que me seja possível.
Ao menos é um filme indiano sem a tosca direção de M. Night Shyamalan, que eu até tentei gostar, mas não há como.
Abraços